terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Inércia


Hoje eu quero um coração e uma cabeça de ferro
Pensamentos de estátua,
Precisando ser um ser gélido, frio como mármore,
Duro como uma rocha
Inerte, inexistir, não pensar, não sentir, não viver, nem respirar,
Passar um tempo fora de órbita,
Fugir dessa galáxia sem mover um cílio,
Sair do ar.
Parar no tempo.
Parar o tempo.
Não sentir calor, frio, dor, amor,
Não ver o relógio, as horas,
Não atender ao telefone nem a campainha,
Sem espelhos, sem reflexos,
Nada de sons, nem de gente,
Nem de nada.
Nada de nada.
Hoje, só por hoje, o direito de ser nada,
De ser ninguém,
De ser vácuo,
De não perguntar nem responder,
Nem reivindicar direitos, nem exercer deveres,
Só hoje.
Apenas hoje.
Nada de dúvidas, nem certezas,
Nem o claro, nem o escuro, nem o contraste,
Nem o sim, nem o não, nem o meio termo,
Nem esquecer, nem lembrar.
Só um dia sem ser ser humano,
Somente hoje.
Que venha os amanhãs em movimento,
Os ontens não deixarão de existir,
Mas que o hoje seja assim, INERTE.
Só hoje!

                       Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!!!
                                                                                        Mônica Macêdo

terça-feira, 29 de novembro de 2011

I miss you!!!


É sempre assim quando eu espero o tempo passar pra te trazer de volta, como um trem com horário para embarque/desembarque, mas que a ansiedade sempre teima em chegar primeiro e cronometrar os segundos até que se ouça o som agonizante do apito do trem.
É sempre assim quando você sai e o velho e bom companheiro, o livro, está no último capítulo que não sei ao certo se corro na leitura para saber o final ou se me arrasto para devorá-lo aos pouquinhos e assim dispersar o anseio de te ver chegar.
É quase sempre assim, ao som de Oswaldo Montenegro, Marisa Monte, as lindas Marias - Bethânia e Gadú -, Ana, Isabella, o doce Jorge Vercílo ou outro bom som brasileiro.
Se não, ou também assim, a navegação enjoada na internet, ou os passeios pela casa, de cômodo a cômodo, minutos a fio de ansiedade. Não sei se é o medo de ficar sozinha ou se o costume de não ficar sem você.
E quando faço diferente, escrevo para dizer q sempre sinto falta, mesmo por horinhas distantes e por uma distância pequena, como estou fazendo agora,... I miss you!!!,... I miss you!!!,...


                 Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!!!

                                                                                      Mônica Macêdo


Ao som de Oswaldo Montenegro Lua e Flor.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pedacinhos amargos da vida

Andei meio sem tempo para a arte, sem graça para as letras, sem rítmo para a leitura,... Mas agora eu quero tudo em triplo, elevado ao quadrado e multiplicado por um trilhão,.. ter tempo suficiente para viver o bom da vida.
As vezes a gente se tranca por dentro para resolver problemas externos, calcula a vida como se conta notas em reais, dólares, euros, ou outra moeda, tenta fazer um mapa futuro, prevendo cada etapa, mas o previsível nem sempre acontece. 
A vida é essa doçura de surpresas com alguns pedacinhos amargos, sem os quais não faria sentido, nem teria esse gosto e essa cor. Não me interessa o mapa da felicidade, nem os segredos do sucesso, eu quero é criar meu caminho com a criatividade do dia e contar com a pedra ou a flor inesperada do caminho.

                                                Tudo de bom e bem para todos nós sempre!

                                                                                                 Mônica Macêdo

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rotina

O todo dia, dia a dia, é diferente do de vez em quando, do quase nunca. Basta lembrar o doce comido pela primeira vez, a pessoa à primeira vista, o primeiro dia de aula, o primeiro dia de trabalho, a roupa nova que agora já velha, a primeira conversa com seu melhor amigo e as conversas atuais, o primeiro beijo e o caso de amor de hoje,... São tantas transformações, tudo tão diferente quando deixa de ser novo e passa a ser rotina.
Quando é a primeira vez, se observa detalhes, cores, tons, tudo é minuciosamente registrado, analisado, criticado, sem falar no friozinho na barriga, nas palavras que faltam à boca, nos trilhões de informações que a mente registra de uma só vez, da euforia do novo, do diferente, do prazer em viver o inusitado.
Nos primeiros dois meses de emprego, a empolgação é total, a melhor roupa, o melhor sapato, perfume, maquiagem, etecetera e tal. No namoro igualmente. Na escola nem se fala. E em tantas outras situações. Mas quando vira rotina... tudo é muito comum, qualquer coisa está bom, tanto faz seis ou meia dúzia. E foi vendo por esse ângulo que, por muito tempo, não gostava de rotina, mesmo sendo obrigada a conviver harmoniosamente com ela. Gosto do coração pulsando forte, gosto das horas contadas por ansiedade e não por enfado.
Mas pensando tanto nessa bendita rotina e me negando ao fato de que todos levam essa vida contínua – até certo ponto –, percebi que a rotina não é o pior de todos os males, há um ingrediente na rotina que jamais haverá no novo, no inusitado – experiência – essa essência que dá mais graça e mais cor às muitas de nossas atividades, aproximando-as da perfeição. Pense no primeiro beijo, eca! Pense no namoro/casamento de anos, que quase perfeição! Os primeiros dias de trabalho, quantos gafes e erros bobos que a experiência atual jamais permitiria que acontecesse e tantos outros absurdos que, graças à boa e velha ROTINA, nós não precisamos mais cometer. A rotina é boa, dá consistência à vida.
Então, é sempre bom unir o útil ao agradável. Rotina só é ruim quando não há prazer no que se faz, o que consequentemente acontecerá de forma repetida e sem evolução. Por isso, vamos tentar dar novos rumos ao nosso dia a dia, mudar é sempre bom e faz todo o diferencial. Mudar o caminho, mudar o corte de cabelo, o perfume, a mesa e cadeira do local de trabalho, mesmo que isso seja pouco, já agrega aspectos novos e diferentes ao corriqueiro. Uma boa dose de bom humor, autoestima e criatividade pode salvar o cotidiano.
E falando de mudanças, vou mudar de assunto que este já me rendeu uma lauda. Mas, não sem antes desejar uma boa semana de coisas diferentes na nossa rotina de sempre.
                                                                   
             Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                         Mônica Macêdo

Eu Tropeço e eu tropeço.

Tropeço?!..., é assim que me vejo as vezes,
Uma boa definição com alguns equívocos,
...Uma pedra ao meio do caminho.
Daqueles tropeços que lhe arranca do chão,
Não por muito tempo, mas que faz esquecer o que pensava a segundos atrás.
Tropeçar às vezes é bom,
Adianta-lhe boa parte do caminho,
É parecido com uma tentativa frustrada e involuntária de voo,
Acelera-lhe o coração,
Às vezes é sinal de pressa, um alerta que devamos ir devagar e aos poucos,
Outras vezes é falta de atenção, ou cabeça cheia.
Independente da razão do tropeço, ele sempre esboça uma reação.
Uma boa gargalhada,
Uma dor que da ponta do pé chega á alma,
Um palavrão raivoso,
Uma vergonha aguda, estampada no vermelho da face
E uma finitude de efeitos.
Tropeçar é imprevisível,
Há vezes em que tropeçamos várias vezes no mesmo lugar,
Há vezes que um só tropeço e estamos no chão,
Outras que um tropeço nos deixa exatamente no lugar para onde iriamos,
E tropeços que nos mudam o rumo.
E eu até gosto de ser tropeço,
E gosto mais ainda de tropeçar pela vida,
Acredito que isso faz parte do caminho e às vezes passa a fazer parte de nós.
Um tropeço pode mudar muito!

                “O texto surgiu de um equívoco, mas foi um bom tropeço!”

                        Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                 Mônica Macêdo

Do tamanho da eternidade


Olhando assim para você, cada ponto, cada canto, cada traço, detalhes só teus e tão queridos meus; boca e lábios, olhos e cílios, cabelos e cachos, pescoço e cheiro, seios e carícias, corpo e curvas, mãos e amasso, seu sexo e sua graça, posso afirmar que eternidade é tempo curto e palavra pequena para o tamanho do tempo que desejo passar ao seu lado. Poderia ficar aqui, parada por mil anos analisando cada detalhe numa visão microscópica, devorando você com os olhos e aos pouquinhos, fantasiando mil e uma peripécias desde que eu tivesse mais mil anos para de fato devorar você.
Mas como a vida é curta e dinâmica prefiro aproveitar você por inteiro e em movimento a ter que ficar estática a contemplar sua beleza. Pois para além da admiração há uma vontade se roendo voraz, contando os milésimos para exageradamente se perder e se encontrar e se encontrar e se perder entre as suas delícias.
                                                                     
                                    Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                  Mônica Macêdo
Ao som de Nando Reis As coisas tão mais lindas.

O vazio

Como se vive só no silêncio? Só no escuro? Só na solidão? Imagine se a vida fosse só noite? E não qualquer noite, mas aquela noite sombria, sem barulho algum, sem ninguém por perto, sem TV ligada, sem som, só você, seu raciocínio, seus pensamentos? Imagine quatro paredes e você! Imagine essa rotina sempre... Eu enlouqueceria!
A solidão dói!
Agora estou tentando ver prazer no silêncio, mas não consigo silenciar o medo de me sentir só. O silêncio e a solidão me atordoam!
Não nasci para ser só, e isso está comprovado desde quando aqui cheguei. Quando vim ao mundo já tinha meia dúzia de irmãos, um pai e uma mãe, os avós, uma multidão de primos e tios e tanta gente. Depois vieram os amigos, os amores, os amantes, colegas de escola, faculdade, trabalho...
Mas às vezes nesse lugar que não é meu, que pouco sei e a ninguém conheço, me vejo trancada num quarto com TV e som desligados, janela e porta fechadas, só eu e o meu reflexo no espelho e fora daqui algumas vozes e barulhos mil na rua. E nesse clima de pouca gente, comecei a imaginar minha vida sem todo o povo que amo e que me mantém viva. E descobri que não sou muita coisa quando estou só e que cada pedaço, cada traço meu tem uma estrofe de música, um parágrafo de uma crônica, de um conto, de uma história, um verso e uma rima de poesia e outros tantos rabiscos e transcritos daqueles que me compõe.
Sou um inteiro feito de pedaços alheios, um conjunto unitário que não é vazio nem infinito, uma coberta de retalhos, um mosaico humano. Então se quer me ver bem, meu bem, não me roube os amigos, familiares, conhecidos,... não me deixe só.    
                                  Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                  Mônica Macêdo

Sem asas.

Um dia desse eu viajo para qualquer lugar do mundo, onde haja água salgada e sol forte, longe do frio e da seca desse deserto. Posso até ir para o continente gelado, só para ver se desaqueço a alma. Mas qualquer canto, melhor que aqui, já é bem vindo. Cansei desse mundinho, dessa gente triste de máscara alegre, em velório fingindo carnaval.
Qualquer hora dessa eu mudo de endereço, eu mudo de mundo porque este já está enfadonho, já pesa nos ombros, já escorre no rosto e não é suor, é lágrima.
Vou levantar daqui e sair a esmo, procurando uma toca, um esconderijo, um labirinto, um atalho, uma estrada ou qualquer trilha. Queria o Alasca, Rio de Janeiro, Paquistão, Pequim e o resto do mundo, lugares bonitos, lugares sem grandezas, desertos e metrópoles, tudo,... o mundo. Onde vou chegar ainda não sei, só sei que quero ir a todos os cantos. Não quero estacionar se posso caminhar o mundo todo e, só.
Ah, se os pássaros que costumo ver voar no final da tarde me convidassem, me oferecessem carona numa viagem cortando nuvens, cruzando fronteiras, vendo gente em formato de formiga, lá do alto! Ah se viajar custasse apenas a vontade de mudar, de voar, de ir-se aos poucos e ao longe, eu seria marinheiro mesmo estando de carona com pássaros.
                                       Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                          Mônica Macêdo

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Acredito nos bons costumes.

Meu Deus dê-me sempre a leveza de alma que tenho! Sabe essa santa ingenuidade que o Senhor me deu aos montes? Pois é, não a tira de mim, não! Nem permita que os maus exemplos e a experiência com pessoas dúbias me façam desacreditar dos bons modos, das boas ações, do amor ao próximo, do bem-querer a todos.
Andei procurando motivos e razões para acreditar na boa índole, na importância de ser honesto, ético, respeitoso e tantos valores bons, bonitos e admiráveis nos humanos e que, tão constante, vem se perdendo com a modernidade, a hipocrisia, o egoísmo, a leviandade e um monte de sacanagem advinda da falta de caráter dos pobres mortais que se esquecem de sua transitoriedade e, felizmente, consegui encontrar.
Encontrei na necessidade de deixar bons exemplos para as crianças, na responsabilidade de manter vivo o legado de uma infinitude de gente bacana que veio antes de nós, na luta juntamente com humanos românticos que sonham, acreditam e batalham por um mundo melhor e, principalmente, na fé nos bons costumes. Acredito que honrar o pai e a mãe, amar a Deus acima de todas as coisas, respeitar os idosos, proteger as crianças, ser sincero, sério, ético, respeitoso, cortês, honesto, honroso com o próximo e tantos outros adjetivos dignos dos bons homens devem ser reproduzidos, vividos. A humanidade precisa disso!
 E me revirando ao avesso tentei encontrar uma razão para ser recíproca com os maus caracteres dispostos no caminho, sabe o que eu descobri? Descobri que apenas os bons exemplos devem ser seguidos, que reciprocidade deve-se somente às boas ações, de maus caracteres o universo está cheio e eu costumo ficar do lado dos poucos que fazem a diferença. Então vou continuar pagando o bem com o bem e o mal com o bem, até porque a cabeça que vai ao travesseiro quando deito e a consciência limpa e tranquila que me permite o sono é a minha.


                                      Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                    Mônica Macêdo

É só mais um dia.

Todo dia é a mesma coisa,
As mesmas caras,
O mesmo caminho,
A mesma mesa e cadeira,
E o ruim é que hoje é só mais um dia.
Um dia de horas contadas,
Um dia de acordar às sete e voltar a dormir às vinte e três.
Porra de ROTINA filha da puta! (desculpa o palavriado!)
Eu queria tanto outra coisa,
Outros ares,
Outra gente,
Outro som
E tantos outros “não-sei-o-quê” que aqui não tem.
Eu queria poder ir embora quando tivesse vontade,
Voltar se tivesse saudade,
Queria selecionar um monte de coisa e de gente e exportar do meu universo,
Não que eu seja seletiva, mas tem coisas e pessoas que não servem para outra coisa a não ser atrapalhar.
E qualquer coisa que atrapalha incomoda,
Mas como diz o ditado popular: “os incomodados que se mudem”,
Então eu quero mudar, mudar de canto, de espaço,
E levar comigo somente minhas coisas e minha gente,
Minha família, meus poucos amigos, meu amor, meus bagulhos e bagunças
E olha que eu estou mudando aos poucos.
Comigo já está tudo isso,
Só falta agora exportar os incômodos.

                                        Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                          Mônica Macêdo

domingo, 24 de abril de 2011

Quarta-feira cinzenta

O pássaro,
A borboleta,
O céu escuro,
O vento,
As árvores,
O calor,
A dor,
Eu,
As casas,
O trabalho,
O tempo,
Os carros e bicicletas,
A vida, as pessoas,
A tecnologia,
A solidão,
A saudade e a distância,
O papel e a caneta,
As palavras e o prazer em escrever,
O pensamento e a vontade,
As lágrimas,
A sombra e o medo da escuridão,
As incertezas concretas,
Os segundos do relógio,
O dinheiro e a necessidade,
A gota da chuva e a terra seca,
O cansaço e o sono,
A espera e a paciência,
Os detalhes de um dia agonizante,
Foi tudo que eu vi nesta quarta-feira cinzenta!!!!
                                                                            
                                 Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                       Mônica Macêdo

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Passando pela vida

Olha eu aqui,
De peito aberto para abraçar a vida.
Com um sorriso de canto a canto,
Para não ficar no canto da solidão.
Mais bonita, mais jovem, mais cheia de vida,
Mesmo envelhecendo a cada dia.
De cara nova e com a roupagem de sempre,
Porque há coisas q não dá para mudar.....
Mas aqui vou eu de novo,
Com a cara e a coragem
Para viver os bons e maus momentos,
Dando bois e boiadas para entrar ou sair das enrrascadas da vida.
Mas sempre evitando colocar o carro na frente dos bois.
...
E se tudo der errado?
Ah, daí lá vou eu novamente
Copiar uma história que não se repete, que não se rascunha.
Mas que se mistura com histórias de outrem, histórias deles e delas.
De pessoas que chegam, que passam, que vão, que ficam,
que vieram antes ou que chegaram depois.
...e aqui, ali, lá, acolá...
Onde quer que seja, estarei eu indo e voltando.
Fazendo, acontecendo e não fazendo nada.                                                               
                                Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                      Mônica Macêdo
Encontrei esse transcrito velho (ou velho transcrito) nas minhas bagunças.

Eu não sou PEDRA.

Eu não nasci para ser brisa, nem orvalho, mas também não sou tempestade sempre. E essa minha inconstância me aflige.
Eu não gosto do igual todo dia, mas se for diferente sempre vira rotina e eu não gosto. E essa contínua insatisfação as vezes dá medo, outras, prazer, mas sempre incomoda, angustia e, ainda assim, não consigo ser diferente (nem igual).
Gosto, desgosto e volto a gostar, sem ritmo, sem motivos, descompassadamente..., uma mistura de risos e lágrimas, uma felicidade curta com uma saudade sem precedentes.
Não vou afirmar que é sempre uma bagunça, às vezes até assusta a forma milimetricamente arrumada dos sentimentos empilhados um em cima do outro, mas são sentimentos tão desconexos e tão avessos.
Não nasci para ser PEDRA, mesmo sendo do sexo feminino e nascido no dia de São PEDRO! Eu gosto do meu canto, mas se pudesse mudava toda semana. Eu gosto de meu amor e parece que ele é para vida a vida toda, e isso me satisfaz e me inquieta. Eu gosto das minhas idas e vindas, das minhas confusões, mas vivo buscando aliviar esse ser sôfrego e me tornar um ser sereno, previsível.
E falando de inconstância eu já cansei de ficar aqui sentada com essa coisa clara me iluminando, eu já cansei dos eucaliptos alinhados corretamente atrás das cercas pela estrada que trilho nos finais e inícios de semana, que meio que por pirraça transformam o caminho mais monótono do que o normal.
Então vou levantar e reinventar esse cotidiano estranho e chato, ao meu jeito, e quando minha inquietude pedir sossego eu volto para os transcritos e talvez não volte para os eucaliptos...  

 “Eu sou assim, às avessas, juízo nos pés e coração na cabeça, mas isso não representa problema algum, na maioria das vezes a vida fica de cabeça pra baixo e de pernas pro ar.”
                                            Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                            Mônica Macêdo

quarta-feira, 30 de março de 2011

À você,


Eu que não sei fazer versos,
Que não sei fazer rimas,
Que sonho em ser poetiza, mas não tenho doçura nas palavras,
Que admiro os loucos amantes românticos,
E morro de medo de qualquer sentimento,
Poderia estar agora escrevendo uma carta fria como mármore,
Sem nexo como a loucura,
Ou tão lógica quanto um cálculo matemático,
Quem sabe, desenhando letras para enfeitar um melancólico pedido de desculpas,
Ou cientificá-lo com palavras difíceis e estendê-lo num discurso reticente.
Desculpa por esse meu jeito disperso, desconexo,
Desculpa por não saber viver o que é "bom",
Por ter essa visão simplificada de mundo,
Por, apesar de me lambuzar na sua delícia, não me prolongar nos seus braços,
Por não me permitir ouvir e dizer palavras além das ditas,
E viver momentos outros, além dos vividos.
Perdão por essa minha burrice cega que só sabe fazer o mesmo trajeto,
Perdão por me embaraçar no seu emaranhado cabelo e sair de fininho, sem puxões ou cafuné,
Por deslizar dos seus lençóis e não mais retornar.
Mas quem sabe um dia?
Quem sabe um dia?
O futuro é tão incerto!
E para além do pedido de desculpas e das súplicas por perdão,
O meu muito obrigado!
Obrigada por me fazer bem,
Pela companhia,
Carinho,
Pelo vinho gelado
E a cama quente,
Pela boa música,
Pelos filmes assistidos até a metade,
 Pelas palavras ditas, escritas e até silenciadas.
Obrigada por você! 
                            Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                             Mônica Macêdo

           Ao som de Maria Gadú – Só sorriso.

Exteriorizando

Eu tenho mania de sair falando pelos cotovelos, das dores que sinto, das vontades que tenho, dos sonhos que em mim transbordam, das situações que me chateiam, das saudades que me sufocam, de um universo de coisas que permeiam minha mente e coração e isto, as vezes, atrapalha. Mas se eu não falar, transparece, e quem me conhece vê e interpreta, então, não resolve muita coisa calar.
Às vezes quando calo eu canto e canto qualquer coisa, canto o som que descreve minha emoção contida. Se ainda não tem uma letra definida, saio fazendo rimas de palavras sem nexo como você e TV, eu e breu, mar e amar, amor e cor e um monte de outras combinações nada combináveis. Daí se não combinar letra e melodia prefiro o doce som do silêncio. E o ruim do silêncio são as vozes que gritam no inconsciente, que perturbam com frases e falas contrastantes.
E quando não canto, conto! Conto de um a dez, a mil para esquecer o que incomoda, para respirar melhor, para disfarçar os gritos e grilos na cabeça, para não deixar as teimosas lágrimas rolarem quentes e salgadas sobre a face fria. Só que chega um momento que não adianta esforços, nem música, nem silêncio, nem números, nem palavras,... as lágrimas vem. E vem com tanta veemência que posso estar só em minha companhia ou em companhia da multidão, nada as segura, e olha que eu já tive vergonha de chorar.
Eu queria acreditar que, assim como os homens, eu também não chorava nem por dor nem por amor, mas descobri que tenho uma coisa chamada coração de carne, coisa de humano, então eu choro, falo, escrevo, canto, encanto e desencanto para amenizar as dores e amores da vida.
                                                            Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                                           Mônica Macêdo

quinta-feira, 24 de março de 2011

Quando eu ando só.

Minha inspiração mais recôndita se aflora quando caminho sozinha, independente de ser noite ou dia. Naquele silêncio do sol quente depois do almoço numa cidadezinha ou na calada da noite depois que todos os ruídos da cidade grande se recolhem para voltar com a mesma intensidade assim que outro dia iniciar. Não sei ao certo o porquê, mas deve ser porque nasci para ser só, ou porque minha companhia é agradável, mas pode ser também porque prefiro o silêncio à festa, ou porque o pensamento voa mais alto quando sozinho voa.
Verdade é que gosto de sair criando situações, inventando coisas, fantasiando o real e imaginando um monte de besteiras quando sozinha caminho. Vou a passos lentos ou largos, dependendo do meu instinto no dia, daí, tudo o que vejo saio colorindo ou se estiver colorido demais tento ver o lado preto e branco, e com isso vou fantasiando o caminho inteiro, só ouvindo o ruído rítmico dos meus passos, o pulsar feito bumbo do meu coração. Dá para sentir o passear do sangue nas veias e artérias, a troca do gás carbônico e oxigênio e todos os mecanismos metabólicos.
Às vezes percorro o caminho mais longo, acrescento mais uma milha no trajeto só para não encerrar os pensamentos, só para criar poesias com os detalhes de cada coisa vista, só para fantasiar um alguém bacana, ultrajando alguma coisa diferente do que todo mundo usa, com uma beleza ao avesso, do jeito que eu gosto, daí, já nem caminho, voo. E voo tanto, que só ouço os meus pensamentos. Ainda há vezes que não consigo ver um centímetro do caminho, vou só pelo tato, pelo hábito. São os melhores momentos da caminhada, quando o real já não importa e a única coisa que me acompanha é o espectro da tua presença. 


                                    Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                         Mônica Macêdo

 Ao som de Maria Gadú e Leandro Léo - João de Barro

segunda-feira, 21 de março de 2011

O escuro que em mim carrego.

Eu não tenho medo do escuro! Tenho medo do que no escuro possa acontecer, do que possam fazer os humanos não humanizados. Daqueles que ao invés de brincar de fazer bichinhos e desenhos com as sombras das mãos preferem criar fantasmas e assustar crianças. Daqueles que ao invés de surpreenderem com jantar à luz de velas, estupram suas mulheres. Daqueles que não conseguem iluminar suas mentes para desfrutar da beleza do breu.
O escuro é bom!
É no escuro, sem as luzes da cidade, que dá para observar a beleza do céu. O escuro é que dá sentido à claridade. É no escuro e de olhos fechados que se sonha, que se cria bons poemas, que se fantasia o amor, que se revive o que já se foi e já não é. O próprio amor é cego!
É no escuro que guardo as boas lembranças, as recordações que doem e acalentam ao mesmo tempo. É no contraste do quarto escuro com um pequeno feixe de luz que se aflora o prazer.  
É de olhos fechados que se dá o primeiro beijo. É de olhos fechados que nascem ou nasciam os bebês. De olhos fechados se ouve melhor, a resposta do tato é maior. De olhos fechados se dorme, se sonha, se morre.
E todo mundo é feito disso: claridade e escuridão.
Gosto da escuridão que em mim carrego. Gosto do breu do meu eu. Gosto dos meus contrastes e consigo viver no escuro de luzes acesas.
          
                                  Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                     Mônica Macêdo

“... Porque eu sou da luz, porque o único escuro que eu carrego, é a sombra que meu corpo produz...”               Ana Carolina.

Um pouco de Luz.

...E todas as noites eu peço a Deus um pouco mais de claridade, não do branco, mas da luz.
Luz para iluminar os versos tristes.
Claridade para o obscuro das más lembranças, das dores que adormecem e acordam constantemente.
Uma candeia para cada mágoa.
Uma lamparina para acender a boa vontade.
Um lampião para iluminar minha Maria Bonita.
Uma luminária que disfarce o breu dos olhos taciturnos. 
Luzes para as noites sem música.
Lâmpadas para o escuro e o vazio dos cômodos mais recônditos da alma.
Fluorescentes...
Reluzentes...
Fogos e focos de luz...
Lareira...
Raios de Sol...
Lua, Luar...
Fogueira, fogo e fogaréu...
Claridade...
... Muita luz e nunca o breu.
 
  Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!                                


                            Mônica Macêdo               

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sentimento Transcrito.

Há certas coisas que mesmo ditas continuam presas na garganta, então só esboçando num papel para conseguir arrancá-las de lá. Quando se escreve parece que transpomos um nó amarrado ao pescoço, uma palavra presa, uma dor sufocada em lágrimas e reclamações. E volta e meia me vejo assim, quer seja por questões no trabalho, na família, no relacionamento a dois, nas injustiças sociais, num entardecer triste, numa manhã sem sol, numa noite fria e negra, em tantos momentos que as palavras ditas não dão conta de expressar. Daí só resta escrever, mesmo que ninguém nunca leia.
Quantas cartas já foram escritas e nunca endereçadas a quem de direito? Quantos poemas feitos e nunca recitados em bom tom à pessoa desejada? Quantas músicas compostas e tocadas apenas no silêncio e na solidão de uma noite? Quantos bilhetinhos bonitos dizendo “Feliz Aniversário!”, “Desculpa aí, foi sem querer!”, “Tudo bem, eu errei, mas não faz assim não!”, Quantos rascunhos na caixa de e-mail?... Mas, independente da leitura do outro, o que importa é transcrever, é desenhar os signos numa linha reta de uma folha em branco e daí não importa se é digitado ou redigido a próprio punho, o que interessa é ver as letrinhas estampadas, carregando os sentimentos que pesam o coração.
Então, não exito em discorrer minhas dores, minhas lamentações, minhas conquistas, minhas alegrias e besteiras numa limpa folha de papel e dependendo muito da vontade de desabafar não sobra espaço nem para o ponto final. Depois posso fazer dessa escrita a minha música favorita, o meu dicionário de palavrão, minha folha do diário colorido, a carta de amor que nunca endereçarei, a manchete do jornal ou a bolinha de papel que insistentemente vou tentar arremessar à lixeira. O importante é transcrever!

                      
                       Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                
                                                    Mônica Macêdo