sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sentimento Transcrito.

Há certas coisas que mesmo ditas continuam presas na garganta, então só esboçando num papel para conseguir arrancá-las de lá. Quando se escreve parece que transpomos um nó amarrado ao pescoço, uma palavra presa, uma dor sufocada em lágrimas e reclamações. E volta e meia me vejo assim, quer seja por questões no trabalho, na família, no relacionamento a dois, nas injustiças sociais, num entardecer triste, numa manhã sem sol, numa noite fria e negra, em tantos momentos que as palavras ditas não dão conta de expressar. Daí só resta escrever, mesmo que ninguém nunca leia.
Quantas cartas já foram escritas e nunca endereçadas a quem de direito? Quantos poemas feitos e nunca recitados em bom tom à pessoa desejada? Quantas músicas compostas e tocadas apenas no silêncio e na solidão de uma noite? Quantos bilhetinhos bonitos dizendo “Feliz Aniversário!”, “Desculpa aí, foi sem querer!”, “Tudo bem, eu errei, mas não faz assim não!”, Quantos rascunhos na caixa de e-mail?... Mas, independente da leitura do outro, o que importa é transcrever, é desenhar os signos numa linha reta de uma folha em branco e daí não importa se é digitado ou redigido a próprio punho, o que interessa é ver as letrinhas estampadas, carregando os sentimentos que pesam o coração.
Então, não exito em discorrer minhas dores, minhas lamentações, minhas conquistas, minhas alegrias e besteiras numa limpa folha de papel e dependendo muito da vontade de desabafar não sobra espaço nem para o ponto final. Depois posso fazer dessa escrita a minha música favorita, o meu dicionário de palavrão, minha folha do diário colorido, a carta de amor que nunca endereçarei, a manchete do jornal ou a bolinha de papel que insistentemente vou tentar arremessar à lixeira. O importante é transcrever!

                      
                       Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                
                                                    Mônica Macêdo

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