quarta-feira, 30 de março de 2011

À você,


Eu que não sei fazer versos,
Que não sei fazer rimas,
Que sonho em ser poetiza, mas não tenho doçura nas palavras,
Que admiro os loucos amantes românticos,
E morro de medo de qualquer sentimento,
Poderia estar agora escrevendo uma carta fria como mármore,
Sem nexo como a loucura,
Ou tão lógica quanto um cálculo matemático,
Quem sabe, desenhando letras para enfeitar um melancólico pedido de desculpas,
Ou cientificá-lo com palavras difíceis e estendê-lo num discurso reticente.
Desculpa por esse meu jeito disperso, desconexo,
Desculpa por não saber viver o que é "bom",
Por ter essa visão simplificada de mundo,
Por, apesar de me lambuzar na sua delícia, não me prolongar nos seus braços,
Por não me permitir ouvir e dizer palavras além das ditas,
E viver momentos outros, além dos vividos.
Perdão por essa minha burrice cega que só sabe fazer o mesmo trajeto,
Perdão por me embaraçar no seu emaranhado cabelo e sair de fininho, sem puxões ou cafuné,
Por deslizar dos seus lençóis e não mais retornar.
Mas quem sabe um dia?
Quem sabe um dia?
O futuro é tão incerto!
E para além do pedido de desculpas e das súplicas por perdão,
O meu muito obrigado!
Obrigada por me fazer bem,
Pela companhia,
Carinho,
Pelo vinho gelado
E a cama quente,
Pela boa música,
Pelos filmes assistidos até a metade,
 Pelas palavras ditas, escritas e até silenciadas.
Obrigada por você! 
                            Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                             Mônica Macêdo

           Ao som de Maria Gadú – Só sorriso.

Exteriorizando

Eu tenho mania de sair falando pelos cotovelos, das dores que sinto, das vontades que tenho, dos sonhos que em mim transbordam, das situações que me chateiam, das saudades que me sufocam, de um universo de coisas que permeiam minha mente e coração e isto, as vezes, atrapalha. Mas se eu não falar, transparece, e quem me conhece vê e interpreta, então, não resolve muita coisa calar.
Às vezes quando calo eu canto e canto qualquer coisa, canto o som que descreve minha emoção contida. Se ainda não tem uma letra definida, saio fazendo rimas de palavras sem nexo como você e TV, eu e breu, mar e amar, amor e cor e um monte de outras combinações nada combináveis. Daí se não combinar letra e melodia prefiro o doce som do silêncio. E o ruim do silêncio são as vozes que gritam no inconsciente, que perturbam com frases e falas contrastantes.
E quando não canto, conto! Conto de um a dez, a mil para esquecer o que incomoda, para respirar melhor, para disfarçar os gritos e grilos na cabeça, para não deixar as teimosas lágrimas rolarem quentes e salgadas sobre a face fria. Só que chega um momento que não adianta esforços, nem música, nem silêncio, nem números, nem palavras,... as lágrimas vem. E vem com tanta veemência que posso estar só em minha companhia ou em companhia da multidão, nada as segura, e olha que eu já tive vergonha de chorar.
Eu queria acreditar que, assim como os homens, eu também não chorava nem por dor nem por amor, mas descobri que tenho uma coisa chamada coração de carne, coisa de humano, então eu choro, falo, escrevo, canto, encanto e desencanto para amenizar as dores e amores da vida.
                                                            Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                                           Mônica Macêdo

quinta-feira, 24 de março de 2011

Quando eu ando só.

Minha inspiração mais recôndita se aflora quando caminho sozinha, independente de ser noite ou dia. Naquele silêncio do sol quente depois do almoço numa cidadezinha ou na calada da noite depois que todos os ruídos da cidade grande se recolhem para voltar com a mesma intensidade assim que outro dia iniciar. Não sei ao certo o porquê, mas deve ser porque nasci para ser só, ou porque minha companhia é agradável, mas pode ser também porque prefiro o silêncio à festa, ou porque o pensamento voa mais alto quando sozinho voa.
Verdade é que gosto de sair criando situações, inventando coisas, fantasiando o real e imaginando um monte de besteiras quando sozinha caminho. Vou a passos lentos ou largos, dependendo do meu instinto no dia, daí, tudo o que vejo saio colorindo ou se estiver colorido demais tento ver o lado preto e branco, e com isso vou fantasiando o caminho inteiro, só ouvindo o ruído rítmico dos meus passos, o pulsar feito bumbo do meu coração. Dá para sentir o passear do sangue nas veias e artérias, a troca do gás carbônico e oxigênio e todos os mecanismos metabólicos.
Às vezes percorro o caminho mais longo, acrescento mais uma milha no trajeto só para não encerrar os pensamentos, só para criar poesias com os detalhes de cada coisa vista, só para fantasiar um alguém bacana, ultrajando alguma coisa diferente do que todo mundo usa, com uma beleza ao avesso, do jeito que eu gosto, daí, já nem caminho, voo. E voo tanto, que só ouço os meus pensamentos. Ainda há vezes que não consigo ver um centímetro do caminho, vou só pelo tato, pelo hábito. São os melhores momentos da caminhada, quando o real já não importa e a única coisa que me acompanha é o espectro da tua presença. 


                                    Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                         Mônica Macêdo

 Ao som de Maria Gadú e Leandro Léo - João de Barro

segunda-feira, 21 de março de 2011

O escuro que em mim carrego.

Eu não tenho medo do escuro! Tenho medo do que no escuro possa acontecer, do que possam fazer os humanos não humanizados. Daqueles que ao invés de brincar de fazer bichinhos e desenhos com as sombras das mãos preferem criar fantasmas e assustar crianças. Daqueles que ao invés de surpreenderem com jantar à luz de velas, estupram suas mulheres. Daqueles que não conseguem iluminar suas mentes para desfrutar da beleza do breu.
O escuro é bom!
É no escuro, sem as luzes da cidade, que dá para observar a beleza do céu. O escuro é que dá sentido à claridade. É no escuro e de olhos fechados que se sonha, que se cria bons poemas, que se fantasia o amor, que se revive o que já se foi e já não é. O próprio amor é cego!
É no escuro que guardo as boas lembranças, as recordações que doem e acalentam ao mesmo tempo. É no contraste do quarto escuro com um pequeno feixe de luz que se aflora o prazer.  
É de olhos fechados que se dá o primeiro beijo. É de olhos fechados que nascem ou nasciam os bebês. De olhos fechados se ouve melhor, a resposta do tato é maior. De olhos fechados se dorme, se sonha, se morre.
E todo mundo é feito disso: claridade e escuridão.
Gosto da escuridão que em mim carrego. Gosto do breu do meu eu. Gosto dos meus contrastes e consigo viver no escuro de luzes acesas.
          
                                  Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                     Mônica Macêdo

“... Porque eu sou da luz, porque o único escuro que eu carrego, é a sombra que meu corpo produz...”               Ana Carolina.

Um pouco de Luz.

...E todas as noites eu peço a Deus um pouco mais de claridade, não do branco, mas da luz.
Luz para iluminar os versos tristes.
Claridade para o obscuro das más lembranças, das dores que adormecem e acordam constantemente.
Uma candeia para cada mágoa.
Uma lamparina para acender a boa vontade.
Um lampião para iluminar minha Maria Bonita.
Uma luminária que disfarce o breu dos olhos taciturnos. 
Luzes para as noites sem música.
Lâmpadas para o escuro e o vazio dos cômodos mais recônditos da alma.
Fluorescentes...
Reluzentes...
Fogos e focos de luz...
Lareira...
Raios de Sol...
Lua, Luar...
Fogueira, fogo e fogaréu...
Claridade...
... Muita luz e nunca o breu.
 
  Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!                                


                            Mônica Macêdo