quinta-feira, 24 de março de 2011

Quando eu ando só.

Minha inspiração mais recôndita se aflora quando caminho sozinha, independente de ser noite ou dia. Naquele silêncio do sol quente depois do almoço numa cidadezinha ou na calada da noite depois que todos os ruídos da cidade grande se recolhem para voltar com a mesma intensidade assim que outro dia iniciar. Não sei ao certo o porquê, mas deve ser porque nasci para ser só, ou porque minha companhia é agradável, mas pode ser também porque prefiro o silêncio à festa, ou porque o pensamento voa mais alto quando sozinho voa.
Verdade é que gosto de sair criando situações, inventando coisas, fantasiando o real e imaginando um monte de besteiras quando sozinha caminho. Vou a passos lentos ou largos, dependendo do meu instinto no dia, daí, tudo o que vejo saio colorindo ou se estiver colorido demais tento ver o lado preto e branco, e com isso vou fantasiando o caminho inteiro, só ouvindo o ruído rítmico dos meus passos, o pulsar feito bumbo do meu coração. Dá para sentir o passear do sangue nas veias e artérias, a troca do gás carbônico e oxigênio e todos os mecanismos metabólicos.
Às vezes percorro o caminho mais longo, acrescento mais uma milha no trajeto só para não encerrar os pensamentos, só para criar poesias com os detalhes de cada coisa vista, só para fantasiar um alguém bacana, ultrajando alguma coisa diferente do que todo mundo usa, com uma beleza ao avesso, do jeito que eu gosto, daí, já nem caminho, voo. E voo tanto, que só ouço os meus pensamentos. Ainda há vezes que não consigo ver um centímetro do caminho, vou só pelo tato, pelo hábito. São os melhores momentos da caminhada, quando o real já não importa e a única coisa que me acompanha é o espectro da tua presença. 


                                    Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                         Mônica Macêdo

 Ao som de Maria Gadú e Leandro Léo - João de Barro

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