quinta-feira, 2 de junho de 2011

O vazio

Como se vive só no silêncio? Só no escuro? Só na solidão? Imagine se a vida fosse só noite? E não qualquer noite, mas aquela noite sombria, sem barulho algum, sem ninguém por perto, sem TV ligada, sem som, só você, seu raciocínio, seus pensamentos? Imagine quatro paredes e você! Imagine essa rotina sempre... Eu enlouqueceria!
A solidão dói!
Agora estou tentando ver prazer no silêncio, mas não consigo silenciar o medo de me sentir só. O silêncio e a solidão me atordoam!
Não nasci para ser só, e isso está comprovado desde quando aqui cheguei. Quando vim ao mundo já tinha meia dúzia de irmãos, um pai e uma mãe, os avós, uma multidão de primos e tios e tanta gente. Depois vieram os amigos, os amores, os amantes, colegas de escola, faculdade, trabalho...
Mas às vezes nesse lugar que não é meu, que pouco sei e a ninguém conheço, me vejo trancada num quarto com TV e som desligados, janela e porta fechadas, só eu e o meu reflexo no espelho e fora daqui algumas vozes e barulhos mil na rua. E nesse clima de pouca gente, comecei a imaginar minha vida sem todo o povo que amo e que me mantém viva. E descobri que não sou muita coisa quando estou só e que cada pedaço, cada traço meu tem uma estrofe de música, um parágrafo de uma crônica, de um conto, de uma história, um verso e uma rima de poesia e outros tantos rabiscos e transcritos daqueles que me compõe.
Sou um inteiro feito de pedaços alheios, um conjunto unitário que não é vazio nem infinito, uma coberta de retalhos, um mosaico humano. Então se quer me ver bem, meu bem, não me roube os amigos, familiares, conhecidos,... não me deixe só.    
                                  Tudo de bom e de bem para todos nós sempre!
                                                                  Mônica Macêdo

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